Ela era assim…

“- Ela era assim, cheia de mistérios. Frase óbvia de fácil entendimento, mas das mais obscuras entrelinhas…” (Tafarelo, R.)

Perguntaram se de fato pertencia às obscuras entrelinhas, e sem pestanejar respondeu que sim, mas deu aberturas para novas especulações.  O que estivesse oculto nas sombras, haveria de ser descoberto por alguém, um dia. Então porque ousou mostrar os atalhos que lhe guiassem até lá? Estaria perdendo a razão, e abaixando suas defesas? Ou apenas provando de um sedutor risco que a levava mais perto de algo que desejara outrora? O que se ganharia ou perderia? Ninguém pode responder.  São escolhas que com freqüência ela fazia sem temer as conseqüências do depois. Ultimamente tem desejado tanto mais vida, que deixara seu lado piegas, pueril… Escolhera o diferente, atrativo, intenso, talvez insano, quase nunca procurado devido aos sentimentos que costumam causar. Mas de fato, ela estava cansada da indiferença, do intocável, o mudo- cego- surdo que enxergava ao redor. Ansiava quase que desesperadamente por mudanças, e ainda que tentasse fazê-las acontecer, era quase em vão. Não aprendera que nas entrelinhas estão as pistas para o que queres. De vez em sempre procurava ler as mesmas obtendo algumas esporádicas respostas aqui e ali. Nunca foram suficientes. Era uma espírito crítico e desassossegado vagando em busca do auto conhecimento… Ah sim… Embora fosse quase óbvio que conhecimento oculto se deve procurar eternamente, ela pensava em outras possibilidades:

“- E se não existissem entrelinhas? E se fosse apenas uma desculpa de quem não observou com profundidade aquilo que estava explícito?”

Ela pergunta-se quem seria capaz ou teria ousadia de fazê-lo?  Algum observador tão crítico quanto ela? Outro desassossegado? Um Semelhante,  ou alguém totalmente oposto? E então outro caminho se estende frente aos seus olhos. Um novo rumo, repleto de incertezas, inseguranças e riscos. Ninguém jamais dissera que as coisas são fáceis e simples, e aí que morava toda a diferença que ela precisara ver. Optou pelo que lhe pareceu melhor. Para os temerosos? O maior erro cometido. Para ela? Com suas garras, ferocidade, coragem e segurança interior, a maior certeza de Vida que ousaria alcançar. E arrisco dizer que ela não descansaria até que provasse e satisfizesse toda sua ânsia pelo belo e intenso… Mas que o significado… Bem, prefiro que permaneça nas famosas e intrigantes entrelinhas.

Duarte, C. N.

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Autocritica

Textos fictícios de uma vida real. Sempre me critico com a mesma veemência que me idolatro. A autocritica já faz parte da minha vida.